Projeto Circular, papéis Fedrigoni transformados numa obra de arte urbana

No processo de elaboração da obra foram tidas em conta facetas ou particularidades que caracterizam as ações, que não só têm que ver com a representação artística ou o questionamento da apreciação ou não do projeto artístico, com o facto de estar ou não por detrás de determinadas paredes (instituições artísticas) ou de estar no exterior das mesmas, como também abrangem campos tão díspares como o ecodesign, a reciclagem, a reflexão por parte do cidadão/artista, o cidadão que acaba por colaborar com o artista de forma a tornar-se parte do seu imaginário e da ação, a fugacidade atual de eventos-sensações-sentimentos (o projeto aparece e desaparece como as “stories” do Instagram, em apenas um dia) e o espaço público.

A ideia era criar uma escultura modular abstrata, dinâmica e participativa, que permitisse interagir e criar diferentes composições com as peças. De modo que a representação final da peça variará em todas as suas formas e nos diferentes cenários. Somente o acaso e o instinto dos participantes determinarão que a obra se construa de uma ou de outra forma.

A escultura é composta por várias peças elaboradas com papel reciclado e caixas de cartão de bicicletas de carga.

A utilização de materiais reciclados na criação desta obra constitui uma forma de reflexão sobre os desafios e as preocupações atuais em torno do meio ambiente e do desperdício. Ao reutilizar objetos que de outra forma seriam considerados lixo, é possível explorar a ideia da transformação e da regeneração, assim como fazer uma declaração política sobre a necessidade de sermos mais conscientes e responsáveis no uso dos recursos naturais.

Além disso, a utilização de materiais reciclados pode ainda acrescentar uma dimensão histórica e cultural à obra, uma vez que cada objeto pode ter uma história própria e estar carregado de significado. Ao incorporar estes objetos na peça, o artista consegue criar uma nova narrativa e um novo significado a partir deles. Em termos estéticos, a utilização de materiais reciclados também pode conferir textura e complexidade à obra, uma vez que cada objeto pode ter uma forma única e uma superfície distinta.

A cidade é um lugar onde as pessoas vivem, trabalham, se divertem e se relacionam entre si. Contudo, ao longo do tempo a cidade pode tornar-se monótona e previsível, o que pode afetar negativamente a qualidade de vida das pessoas que a habitam. É aqui que entra em ação a surpresa artística.

A surpresa artística na cidade é necessária porque desperta os sentidos das pessoas, fá-las pensar e permite-lhes vivenciar o seu ambiente de uma forma diferente. Quando as pessoas experimentam a surpresa artística na cidade, sentem-se mais comprometidas com o seu ambiente e adquirem uma maior ligação emocional com o lugar onde vivem. Isto, por sua vez, pode ter um efeito positivo na qualidade de vida das pessoas e no desenvolvimento social e económico da cidade.

Para combater a previsibilidade na cidade, é importante estimular a criatividade e a inovação. Além disso, é importante promover a participação dos cidadãos na criação e no design de obras de arte e espaços públicos. Desta forma, as pessoas poderão sentir que têm um papel ativo na construção e transformação do espaço que as rodeia.

Artista: Julián Martínez (Letsornot)

Colaborações: IMPRESUM, Vuelta de Tuerca Bikeshop, Flecha Bicimensajería, Fotografias de Alberto Valero, Bob Rodríguez e Wilmer Da Silva